30 outubro 2010

# 2

Borboletas

Mês de Agosto, muito calor, cheiro a sardinhas assadas no ar.
Ana acha que a única coisa que consegue fazer é ficar quieta naquele sofá, enquanto olha sem ver para a tv, onde alguém canta nem sei bem o quê. O calor é tanto, que é mesmo assim que ela quer ficar. Imóvel.

Naquele momento, com a preguiça a embalá-la, o telefone toca. Toca. Toca. E Ana deixa-se estar. A curiosidade e o facto de poder ser algo importante fá-la levantar do sofá. Dava jeito um telefone móvel, pensou ela. Naquela altura os telefones ainda viviam presos pelos fios.
Ana atende.
 - Sim?
?: - Olá! És tu Ana?
Ana: - Sim, sou. Quem fala?
?: - Não adivinhas?
Ana: - Não estou a reconhecer a voz.
?: - Pois não. É a primeira vez que falamos ao telefone.
Ana: - Mas eu conheço-te?
?: - Conheces. Já conversamos antes.
Ana: - E eu dei-te o meu número?
?: - Bem... Não propriamente. Mas não foi dificil de descobrir.

A voz do seu interlocutor soava brincalhona mas ao mesmo tempo insegura. Ana estranhou estar a dar conversa a alguém que não se identificava. Sem perceber muito bem porquê continuou.
- Se não me dizes quem és, vou desligar.
?: - Não. Gostava que tu descobrisses. E se eu te der uma pista?

Ana achou piada e respondeu que sim. Ele começou na brincadeira e utilizou algumas das palavras que poderiam levar Ana à sua identidade. Ana ria e ia tentando adivinhar mas sempre sem sucesso e ao mesmo tempo umas borboletas iam tomando conta de si. Ao fim de uns minutos ele identifica-se:
- Sou o Miguel!

Nesse dia estiveram a tarde toda ao telefone, riam e brincavam e faziam perguntas um ao outro na ânsia de se conhecerem melhor. Antes de desligar, Miguel lançou novo desafio:
- Agora se quiseres voltar a falar comigo, vais ter que descobrir tu o meu número! Beijo
E desligou.

E agora? Pensou Ana. Eu nem sei o apelido dele, nem onde mora!
Também não ia pensar muito nisso agora. Estava cheia de sede. Mas deu consigo a relembrar a conversa com Miguel e a sorrir...
E que era isto que ela sentia no estômago? Estaria a ficar doente?

A 3 tempos...

Esta história será contada a três tempos. Passado, presente e pensamentos do que será o futuro a partir deste presente...
Complicado? Mais complicado é o amor...


"Amor não se conjuga no passado; ou se ama para sempre, ou nunca se amou verdadeiramente." M. Paglia

28 outubro 2010

#1

Só isso

Ela lembra-se do dia que o conheceu. Lembra-se porque estava sol, mas ela trazia as suas inseparáveis "Doc Martens". Tinha 15 anos. Era uma menina.
Não soaram trompetes, nem os anjos cantaram quando o viu. Sorriu apenas, alguém os apresentou e sem saber, esse minuto mudou para sempre toda a sua vida.
Não foi nada dessas coisas de amor à primeira vista, não houve slow motion como nos filmes, nem dúvidas nem certezas. Foi apenas um sorriso, meio tímido e no entanto tão sedutor.

Ana era assim, ingénua mas com a ideia que tudo sabia da vida. Atrevida para esconder a timidez. Espontânea e dona de um sorriso de quem vai conquistar o mundo. Ana era uma sonhadora, adorava dançar e tinha a certeza que um dia ia encontrar a sua alma gémea. Quando conheceu o Miguel, não pensou nisso. Não ficou com a boca seca, o coração não palpitou. Não nesse dia.
E nesse dia ela ainda não conhecia o amor.

Não sabia nada dele e não ficou curiosa. Ana ficou a ouvi-lo cantar. Achou-lhe graça. Só isso. Sorriu com aquela cara de menina e foi embora. Do dia em que Ana conheceu Miguel, ela recorda o calor, as Doc Martens e os sorrisos. Só isso.

Prólogo

Aqui, vou apenas ser narrador de uma história com quase 20 anos. Não na presunção de escrever um livro, mas na certeza de escrever como se de um se tratasse.
É uma história verídica onde apenas os nomes foram alterados e alguns factos serão omtidos para não ferir ninguém.
Ana & Miguel mudaram a vida um do outro e a de muitos outros que os rodeavam.

Não é a única história mas é uma história única. Talvez haja por aí muitas semelhantes, melhores quiçá, mas é esta que eu vou contar.


 "Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele." Victor Hugo

Ana & Miguel

Este é um blog que nasce hoje e que vai apenas, contar uma história...