01 novembro 2010

#3

Desafio

Um tiro de sorte permitiu que Ana soubesse, sem perguntar, o apelido de Miguel. Parecia destinado. Depois disso foi uma verdadeira investigação. Dizia a si mesma que o fazia apenas pelo sabor do desafio, mas a verdade é que desde aquela conversa telefónica, Ana pensava em Miguel todos os dias.
Eram três os nomes que constavam na lista. Teria que ligar para os três. Decidiu adoptar a técnica que usava para ler jornais e revistas, começar pelo último da lista, quando lia começava sempre pelo fim. Excepto livros, claro.

Era mesmo o último o número do Miguel. Foi ele que atendeu, reconheceu logo a voz dele e por alguma razão que Ana desconhecia, começou a tremer e feito estúpida, desligou!
Que parva, pensou ela. E voltou a pegar no auscultador e a marcar o número. Foi novamente Miguel que atendeu:
- Estou?
Ana: - Ola Miguel!
Miguel: - Ola Ana! Já vi que descobriste o meu número! - Disse ele com um misto de alegria e malandrice. E mais uma vez passaram horas ao telefone, a rir e a conversar.

Passaram-se vários dias assim. O telefone tocava. E eram horas a falar. Ana já esperava ansiosamente pela chamada, gostava da voz dele, de o ouvir rir.
Uma tarde Miguel propôs que se encontrassem no café. Ana aceitou. Afinal, só se tinham visto no dia que se conheceram. Ficou combinado para a tarde do dia seguinte, às três, no Arcádia.

Ana desligou e ficou a pensar porque raio toda ela tremia. Estavámos em pleno mês de Agosto. Abafado. Não podia ser de frio!
Perguntou a si mesma se devia ligar à Vitória para lhe contar tudo isto. Vitória era a sua melhor amiga. Partilhavam tudo, mas Ana suspeitava que desta vez Vitória não ia concordar com isto. Além de Miguel ser praticamente um desconhecido, era bastante mais velho que Ana e a sua boa amiga não ia ver isto com bons olhos.
Contar-lhe-ia quando começassem as aulas, como uma história de verão e mais nada.

Nessa noite Ana adormeceu a imaginar o encontro do dia seguinte.

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