05 novembro 2010

#6

Mergulhar

Não sabia bem o que pensar! Não reconhecia nada daquilo que estava a sentir. Não percebia sequer porque tinha aquele sorriso colado na face, que de tão grande quase lhe rasgava a boca!
Ana só conseguia pensar em Miguel. Cada vez que fechava os olhos, o sorriso dele aparecia e o mundo dela girava. E girava. E girava.

Miguel ligava-lhe todas as tardes.
Encontravam-se, pediam Joi de maçã e Joi de limão e passavam a tarde juntos. Ana absorvia e saboreava cada segundo do tempo passado com ele.
Falavam de tudo. De sonhos, projectos, passados, futuros, amigos, família. E sempre que parecia que já sabiam tudo um do outro, novo assunto surgia. Fotografia, leitura, música, cinema. E mesmo as janelas foram abertas. Falaram dos medos, do amor, da partilha, da dor, da frustração, das mágoas, da paixão, do sexo. Não houve tabus nem vergonhas, mesmo para Ana que nunca tinha estado com um homem. Tudo foi revelado, ambos se mostraram e partilharam a alma.

Com o mês de Agosto quase a terminar, ambos sabiam que as coisas iam mudar, mas não pareciam preocupados com isso. Sentiam que o tempo e o espaço conspiravam por eles. Não havia dúvidas, nem inseguranças, nem esquemas, nem maldade. Não havia outra intenção que não fosse, poderem apenas mergulhar no olhos um do outro e nadar juntos! E perdiam noção do tempo, do espaço e do Mundo.

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