05 novembro 2010

#7

Toque

No último dia do mês de Agosto, Miguel disse a Ana que ia de férias uns dias. Ia com uns amigos, para as praias bem lá do Sul, antes que o verão terminasse. Despediram-se. Nenhum dos dois admitiu que sabia o quanto ia sentir a falta do outro. Nenhum dos dois falou muito nesse dia. Apreciaram-se no silêncio de quem escuta o coração, sorriram e brincaram.
Ana disse a Miguel que logo se esqueceria dela, quando chegasse ao destino banhado de garotas com belos biquínis e cheias de curvas. Miguel disse a Ana, que ainda ele não teria batido a porta do carro e já ela se tinha esquecido dele ao sorrir para outro.

Naquele dia, por cima da mesa, junto às garrafas do Joi, Miguel estendeu a mão e agarrou na mão de Ana. Tocaram-se. E no meio daquela amálgama de sentimentos, num turbilhão de ideias, com os corações a cavalgar no peito, Ana & Miguel naquele segundo pertenceram um ao outro.

Foi no caminho para casa que Ana pensou. Aquele toque tinha sido o segundo desde o dia em que foi ter com Miguel pela primeira vez. Ele deu-lhe a mão. E ela o coração. Não sabia se era aquilo o amor. Não importava se era ou não. A única coisa que Ana sabia, é que queria ver aquele sorriso o resto da vida. Queria ver Miguel sorrir para ela todos os dias. Isso Ana, tinha a certeza. Levou a mão ao rosto, beijou a palma e sussurou “Miguel…”, como se o dissesse à beirinha do ouvido dele.

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